terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu sei andar sozinha!

sem nada sem nada mesmo
a luz cega tudo
tudo que me agradava
sem cheiro bom
o que transpiro
não é o que quero respirar,
entupir minhas narinas
esse portas-óculos
nem faz sol
e a noite nem liga se está embaçado ou não
será que acerto o caminho até aí?
sem ajuda sem nada?
nada chega até mim
antes era como magia
bruxaria vudu
era só querer
e agora?!
nem pilhas na geladeira nem nada
dei tilt?
nem na pancada nem empacada
perdi minha capa e minha fantasia
fico sem me exibir
se a platéia vaiasse
jogasse seus copos
não adianta resistir
vou tirar mais cincos minutinhos
já já eu volto.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Isso não estava no roteiro (deve estar nas letrinhas miudas do contrato)

posso finjir que sou tua
fazer escolhas que te prejudique
quero te provocar só isso
não lembro mais de certos cheiros
um gesto
um palavrão
tudo ficou subentendido
as lacunas se perderam no espaço
botões continuam grudados
linhas retas na tampa da geladeira
posso rasgar papéis importantes
e depois em cima deles suar até que eles se desmanchem
mudando meu tom de pele
descabelar teu pouco pelo
tentar trançar
traças minhas unhas esferiográficas
produto catalogado
na planilha de minhas atividades
poderia servir qualquer um com gelo
poderia ser mais uma saideira
mais uma sempre nova desculpa
para ser ajudado
a súplica por pena
mas aqui todos são iguais
e o perdão não compensa
e antes que eu atravesse a porta invadindo tua sala
encosto meu rosto no frio balcão do bar.


domingo, 20 de setembro de 2009

Nunca fui santa muito menos num domingo

tiras de legumes e um domingo se enche de
trabalho
e um calor dos diabos
me sinto até imune do calor do inferno
mas como não gostar de suar
a lembrança vai longe...
o tempo vai longe...
e muitos estão longe...
areia, sol, TV
"tudo está fechado...
...e quem não está acostumado"
vivo de coceira
não acostumo
nunca
ainda mais quando os joelhos sujam
e perdão aos pecados se pede

Universidade

o melhor do dia
o horário de encontro
uma mesa duas talvez
atrasados
despreocupados
tranquilos
curiosos
nem parece mas a obrigação está em tudo
o pouco tempo em que as outras mesas
passam ocupadas e a nossa sempre cheia
sempre mais um
proposta de regar os sentidos
outro lugar onde se permita usar mangueiras
um jardim de grama verde e saguis
e a lumionosidade se vai e estranhas luzes se
mesclam com os olhos perdidos
uma, duas horas
nunca é tarde
a sede e o topor
unem os que não cansam se cantar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Retoco sem espelho

de arrancar os olhos e se sustentar nos mais infames abismos
numa superfície desgastada, continuar a rotina das paredes descascadas
do lodo no canto, nada é melhor do que o que faço, do que desperto
a imagem sem distorção, fotografia verdadeira
disposição final da vontade, uma vontade ressentida
forçosamente restringida nos tecidos recortados
altar de lamentações, de salvação
que após o cansaço zela a confissão dos que deslizam
pecaminosamente em registrar a biografia a sério de mais
mal sabem que os únicos borrões na história
é o do meu batom.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

e quando escontas em mim e aquilo de desespero some
e vem sem presa, gravo tudo, sonho depois
quando estende sua mão pra que te alcance
nunca estive tão segura, sonho depois
quando de longe gritas meu nome
entendo tua rima e seu que ela é minha, sonho depois
quando por impulso me enche em teu corpo
a arquitetura e todos aqueles números ganham sentido, sonho depois
e quando por uma chuva forte e vários dias nublados
me gardo encharda dos sonhos
que numa manha depositastes em mim.