sábado, 30 de janeiro de 2010

Concertos

me ensine algum segredo alfabético
me ensine algo que eu esqueça antes que pares de falar
quero continuar errando por toda noite
não sei fumar
não sei tragar
engolir a fumaça e soltar pelo nariz
cair da cadeira seria um bom começo
incitaria algo nestes gélidos rostos
a madrugada vem e com ela seus zumbis
querendo sangue
querendo carne
irracionalmente
sem papo cabeça.
sem citação filosófica
faça com que todos corram
que gritem
e agarram a cintura e sinto um leve sufocar
o pescoço vira prato de entrada
essa marca vai durar dias...
e como em todo clichê que se respeite sendo eternamente repetido
acham o antídoto
vem o sol
e todos conseguem sair
alcaçam a calçada vivos
veem a cidade devastada, suja e vazia
os mocinhos no meio da rua
passando no sinal vermelho
querendo ir pra casa o mais rápido possível.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fantasia

um rosto começou a me pertubar
e sem jeito fui desenhá-lo no papel,
sem nenhuma habilidade
o que foi mostrado não me pareceu familiar
deve estar mesmo perdido
entre os desconhecidos
com quem algum dia possa trocar agulhas
pensei bem
pensei que podesse aproveitar
e fazer jus à " a vida é uma festa"
primeiramente ampliei num rosto normal
recortei
pus numa cartolina
pintei
revirei uma caixa velha
linha pra prender
sai para festa
carnavalizando no horário de pico
esperando que alguém se reconheça
que responda ao pedido mudo
e acabe com minha angústia
que vai me desmascarar
quebrar o elástico com força
e pôr seu rosto no lugar.

Diálogo de Braçadas para o meio do nada. Charles Bukowski

O amor é uma espécie de preconceito. Agente
ama o que precisa, ama o que faz agente se
sentir bem, ama o que é conveniente.
Como pode dizer que ama
1 pessoa
quando há
10.000 outras no mundo que
você amaria se conhecesse?
Mas agente nunca conhece.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Saí de casa sem dinheiro, quero voltar cheia dele

quando perdi meu chapéu
pensava que teria sorte
quando perdi meu final de semana lendo livros
pensava que abriria minha mente
mas caminhar me faz sentir a noite
não importa o que eu disse, passou
e lembro das músicas
e do que importa
e vai durando
num grande solo
até chegar e começar a cantar
ouça minha voz
e me dê uma carona.

Como os outros, ele alarga

ela tem um brinco novo
quer que todos vejam
fica assim passeando com a mão na orelha
como se doesse
comprimentando a todos
forçando um abraço
responde toda feliz que tem mais dois furinhos no corpo

Este verão não vou voar

me diga porque veio aqui
se faço isso é para que retardes a ação
não me preocupo contigo
com as topadas que acabam com teus calçados
diga que ela faz se coração parar
que quando a toca quer que não pare
diga-me que veio pegar o endereço dela
perguntar se tenho algum amigo em comum
não irei correr para meu quarto e chorar
agarrada no travesseiro
que pode me lembrar teu tronco
preparo uma bebida
um chá
até que escureça
é o tempo que fazes durar uma conversa
e os pássaros já estam passando
quero que segure o riso
que a fala e o riso se trupiquem
não me faça querer voar pra longe
sacudir-me para estranhos
porque irei sem nada
da maneira que estou
despreparada
exatamente quando erraram os números
e houve uma subtração
e não me reconheciam mas por mim
mas só por ti

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Caminhando por aí

não consigo ir até muito longe
e já atravessei milhas
daqui dá pra ver muita coisa na frente
novos cenários
posso esperar que tudo aconteça
sentar num banco esperar que se aproximem
que queiram da minha bebida
saber onde podem conseguir mais
olhar pro céu e esvaziar a mente
poderia contar mentiras
hiperbolar verdades
buscar uma via simples pra seguir
quando todos estiverem fracos o bastante para não me seguirem
se eu voltar ainda estarão no mesmo lugar
mas neste momento ficarei aqui
não consigo ir muito longe
assobiarei uma canção antiga
mais velha que este lugar
todos vão cantar
ficaremos alegres por ficarmos um pouco mais
mesmo sem bebida
até ficar confortável
irão satisfeitos como se fosse isso que procuravam
botas postas
prontas para empoeirar pelo que está a frente
a solidão traz sobriedade e o dever de seguir.

Like a stone

me jogue entre as pedras

me faça ser uma delas

baby, é noite

é toda a noite

é quando se põem em metamorfoses

como uma peça

de jogo improvissado

uma carta leve

me faça sentir, 'do something'

sem essa de três, dez anos seguidos

role

talvez não se repita de novo
.

Robin Trower na guitarra, fones no ouvido

se retorcendo
indo de encontro ao início
cheirando a terra recém molhada
terra aquecida
este é seu rosto
o que trago na memória
é tudo enquanto sei agora
as portas fechadas e o vento forçando a janela
próximo sonho...
para dentro...
toda sua cabeça começando em mim
não diga nada é só isso mesmo
por favor não mexa em nada
fale disso aqui
fale do agora
do que está abaixo
do que está abaixo da terra

domingo, 24 de janeiro de 2010

Afinação

pra sempre, não
é sempre assim que começa
um pouco de simpatia
fitas e laços
infantilmente enfeitada
festa de tradição
roda de tradição
quem nunca falou isso antes
é sempre a mesma versão
só que vou meter uns solos de teclados
mudar os captadores
trocar o alaúde pela elétrica
meter eletricidade
criar sobrecarga
por fim um blecaute
e as luzes se acendem num tardio primoroso
para o funcionamento normal do conjunto.


próximo!

Sai daqui antes que te bata!

o que poderia satisfazer tua vontade falsa
teus desejos vãos e fajutos
este riso que faz a seriedade do resto
esta mentira
esta burrice que carregas numa incerteza cretina
fale alto
finja embriaguez
talvez alguém acredite
ou disfarce nisto a oportunidade perfeita
teu arrependimento eterno
e as lamentações
estamos fechados para consulta
não tá vendo a cara fechada não?!
a horas olhando direto
e quando ouço a voz
vem me azucrinar os ouvidos com teu disco arranhado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

e a ressaca do mar, o gosto de sal ainda na pele
a rouquidão de quem fala alto
a dor de cabeça do dia todo
litros de vidro vazios
faça-se arte!
uma resposta convicente
neste jogo disfarçado de interesse perpétuo
é só agora
não me cumprimente depois
não se sinta obrigado a ter que falar todas as vezes
que cruzamos caminhos
quando não pensamos em fazer coisa melhor que isso.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

100 barracas

estamos para quem quiser ver
para os tantos de comentarios se fizer
falta de asunto
pra uma roda de desconhecidos

estalando teu isqueiro
tirando a camiseta
põem nas costas
e toque uma que eu lembre a letra depois

estrelas e dia
sem ponteiros
com a o zíper aberto
cabeça raspada
costume de dias longe do lar

enquanto
se faz durar
enquanto não arranjo outro par

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Operação

os lábios escuros
queimados
e por dentro teu pulmão perdeu a coloração
juntou tudo numa aspiração contínua
e continua absorvendo
e teu cheiro de cinzeiro ainda me liquidifica o corpo
deixa o copo sempre cheio
no caderninho tem as datas
as anotações e as palavras riscadas
quem botou elas lá saberia o que estava fazendo
deixaram as cadeiras jogadas também
e nem sem cortinas sua rouquidão passa
nem com os vasos lotados de sementes a tosse cessa
voz de cantor de blues
doce balanço
um, dois, pausa
assim como respiras
assim como equilibramos um abraço
como se fossemos cair em algo
não me deixe cair
eu também te seguro
e vamos longe sem sair do lugar
e a fumaça surge e de repente
os pulmões carbonizados
foram transplantados
e de repente nasce mais um siamês.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Platão explica Sade desenha Eu faço Você paga

pode ser sem dor
do jeito do cartaz
aliás, não expomos mais
como me achou?




estudei contigo na quarta série.

Nunca mais fui a mesma depois de PULP

mistérios
horrores
e vem bomba
e vem tombando em tudo

irmãozinho vamos pegar uma rua mais movimentada
os picas estão em toda parte
por lá podemos nos misturar
fazer de conta que somos iguais

quebramos as garrafas na cara deles
eles estam irados
pensam em nos eliminar
e que somos fáceis
você sabe que nosso charme é único
e talvez não dure muito...

e depois no fim se descobre que era uma grande mentira
estavam nos enrolando
mas primeiro enrolamos eles, sem querer mas conseguimos
eles pensavam que erámos valiosos
rá, e como somos.

e no final ele vem só pra nós abrir suas asas
incandescer com tudo
nos tomar por completo no seu grande resplandecer vermelho
formamos um belo PAR
DA Lingua guardo os gostos
meus pontos cordeais, colateraram com tudo
agora estamos entregue ao vermelho.

Às escuras

tuas palavras rápidas me fazem acreditar
por um segundo que vai dar certo
fico rindo pra uma tela
como se não fosse comigo
essa deve ser a milionéssima vez que repetes isso
sem falar no bate papo que rola em salas vazias
salas muito engraçadas sem porta sem nada
mas eu quero
e o teor está alto aqui
a essa hora não costumam se fazer passeios
quero andar
nos cenários desgastados
pelas paredes que expõem suas varizes
de casaco para cobrir o curto vestido
o sapato no asfalto
já me vejo chegando perto...
mas onde é mesmo?

depois de tanta cantada frouxa e sem graça
vamos ao que interessa...

maldita seja a gravidade e tudo mais que ela põem a baixo.