sábado, 30 de outubro de 2010

Suor

deixe o vento entrar
para não morfar
estragar as cores lindas
descole o hi-tech
tire o capacete astronauta
e conheça marte
seremos marte
de tanto esfregar
como a lavadeira
não a elétrica
mas a que canta
a que deixa a água molhar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sono

e agora eu soluço
engolindo aos poucos
e tentando não mais preservar
sem deixar limpo e arrumado
abrindo a janela pra poeira rodopiar pelos cantos
vejo a calça manchada, e os pingos no chão
poderia ter sido pior com o calor que faz,
mas o suor não me incomoda
com a claridade vejo minhas mãos: o esmalte descascado
lutando contra a marquinha branca de mentira
esfrego os lábios
a paciência no arrumar
agora se reveste em lentidão idosa
como uma transformação
que exige adaptação e reconhecimento
sem nenhum registro do mundo, sem nenhuma notícia trágica
só relatos pseudo biográfico de moribundos que rondam as paredes
que enchem o quarto de cupim
e trazem um cheiro agradável.

domingo, 17 de outubro de 2010

Nana, Kundera, Chinaski

de ilusão se enche um balão
e o placar marca 1x0
o problema em ganhar não existe quando o que importa é o que lembrarão de mim
talvez amar seja não esquecer, e querer que lembrança seja boa,
difícil, fácil, clichê ou não
isso são palavras pra formar um roteiro pra milhões
distinto de tudo o que é
o fracasso passa pelas mãos quando a cena desejada se desfaz no espelho, no lago profundo
inflando e arrancando os pêlos, mas o desejo não é esse...
próximo cartaz a ser printado
e o Brasil goleia a República Tcheca
e tento decifrar partituras de um lado do mundo que se parte e se junta
que ama gregos e troianos, que dialoga com meu coração
acordos são feitos e refeitos, compadeço diante de tantas afirmações minhas e de que talvez reflitam minhas vontades
e quanto a mentira e a dúvida não existe espaço, existe o fato e o que vem depois é história, é memória
vai ficar nos arquivos
por mais quem isto não tenha sido o emprego dos sonhos, a cidade dos sonhos, o amor dos sonhos
isso foi tudo o que fiz.
dos elogios tudo encaixa, velha maneira de se safar,
sem açúcar e sem gelo, puro por favor
mas quanto a fórmula e ao esperado, descarto pra fora e deixo que vençam a partida
que mudem o nome do país duas três vezes, que me façam ser chamada de várias coisas, que a linha imaginária diga quem eu sou e até onde deva ir, que leve tudo isso muito sério, deixem que tudo realmente não escape à lógica.
sigo tautológica,
nas redes de conveniência, nos perfis, fazendo cadastro
e rindo muito, fazendo prum, errando os nomes
e os garotos passam sem camisa pela porta do prédio e o jogo termina e desligo a TV e abro a janela.