segunda-feira, 11 de abril de 2011

Estorietas do Chico

contando os quadrados e os posters enfeitando a beleza da rua, errando e se deixando ficar lento

esperando o famoso milagre particular, esperando a estrela brilhar,

o momento tão esperado acontecer, se bastasse tanto suor, tanto cansaço

a caimbra despontando na perna esquerda, a menos usada

um assobio me vira a esquerda e como fosse para não ter virado

para não ter atendido o chamado,

meu rosto é posto de volta ao lado que estava

um soco, firme e forte

a mão dele deve estar doendo muito, mais do que meu susto

mais do que minha embriaguez, que não distingue rosto

que parece irreversivelmente desfocada

e tento me contorcer

voltar a ser feto

mas o joelho duro e pontiagudo me crava a costela

um dia sendo Eva eu seja perdoado

e o chão que por muitas vezes foi meu recipiente de frustrações

me parece o mais confortável dos alentos

e era pra nos encontrarmos

acaricio e ele não me reconhece

mas não quero ser breve

rolo de um lado a outro

bola de meia nos dribles dele

e como um sono celestial me ponho a fechar os olhos

parece que o que bate se lembrou de algo e vai

e me deixe ali

vejo os passos calçados saltarem no ar num slow

abro os braços e rio, rio desesperadamente

demorarei o tempo certo para chegar em casa