sexta-feira, 31 de julho de 2009

Drummond

Sugar e ser sugado pelo amor

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.

Conversa de banheiro I

o que fazer quando as asas
o casulo não mais suportam
e diante do galho
querem pousar
...

domingo, 26 de julho de 2009

sempre um som
sempre um modo
diferente e repetido
fique sem olhar sem mexer
instantes cego não aguçará
seus outros sentidos de repente
e seus lapsos se tornarão uma referencia sutil
para prever as ações possíveis
a prática feita e repetida servirá para me facilitar
para evitar o enfado do ensinamento
revestido o terreno é um
despido o terreno é outro, apelo são
ao uso à ação

sexta-feira, 17 de julho de 2009

rasgar folhas não adianta, rever as cicatrizes não adianta
passar e fingir que não conhece,
não, não sei quem é você
deste tamanho, estes inchaços, este fluído maligno que se espalha
que me retrai, me força a vigiar-me.
não conheço você, que nos outros é tão normal é esperado
é irritante ser igual, pertencer
e acabar sendo...
ter a missão de carregar um fardo, dois, talvez cinco de uma só vez
buraco cheio de cavidades
profundo mar
recifes de corais
ecossistema
um sistema ecoando ruídos dissonantes
que acontece sem querer,
tem de ser
sem controle.
sem sentido
meu protesto é inválido
o tempo não perdoa
ele é quem manda:
"depois que terminar junte tudo o que sujou e jogue no lixo"

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SENTIDO!

frente a frente
a lados opostos
costas encontradas
pés sorrateiramente juntos
posição militar
para mim: esquerda
para você: direita volver!

domingo, 5 de julho de 2009

IMUNDICE

entre os cantos toscos, reviro quem poderia se sujeitar,
se sujar numa palavra de agrado, um desajeitado ser
revelar um bom grado de carícias ocultas na seriedade de uma fatalidade,
na monótona desatenção de se fechar a porta, na apreensão da surdez
repentina. sujo minhas mãos atrás, sempre atrás de quem corre duma luz
falsa, que brilha intensamente, cegando as sujeiras de minhas mãos
que submetidos ao preço dos esgotos se ofuscam contra teus outdoors,
tuas vitrines, tuas cartas marcadas. de teus olhos vendados, elementos
de tua armadura, só servem de ornamento. faça assim: descubra meus anúncios
com tuas mãos livres, pois as minhas estão imundas e mancha de gente demora a sair.