sexta-feira, 30 de abril de 2010

Alcunha de batismo

de antônimo
estou cheia de mundo
cisco no olho


não tem substantivo que lembre José?

Confia mais em quem?

de ditado

letra borrada
vira causo

mentira sua!

Som

até o meio dia repouso de balaio, numa cesta bem enfeitada
sem mais preocupações, além do calor e suor esperados
respirando com força, movimentando o estômago cheio e
esticado na toalha, no alto as folhas que ainda vão cair
de que tanto esqueço, de que tanto ignoro
e que faz abrir os olhos para se dar conta dos milagres em volta
frutas podres perto dos pés
nuvens cinza claro
a muito não chove
a muito não choro
e as cores da infância, as do caderno de desenho se desmancham na minha frente
entre o piscar mais lento e pesado
poderia esquecer a enchada e a pá
elas me fazem prestar mais atenção e ser mais paciente
lembrar pra onde tenho de voltar
que por mais que as fotos sejam tiradas
a porta vai bater na minha cara e não me deixar mais passar
baterias mortas
músicas mortas
e vento e folha e celular a tocar

domingo, 25 de abril de 2010

Não te amo

aaaargh
não tem cheiro mais fede
não tem gosto mas estraga a vontade de degustar


não gosto de nada disso

o que gosto é de não ter nada empatando minha mão ao deslizar em algo curvilíneo.

Sexta marcha

na alinha de partida com a camisa na mão
euforia de nascer
se engasgando com tudo
os passos vão em saltos cadenciados num ritmo desconhecido
desfaça a mesa e jogue a comida fora
a fome é outra
bem mais que os carros e as apostas furadas
em cada motorista decadente um desejo egoísta de poder acabar com todos
de não querer ninguém
mas a minha aposta é outra: é a do carona
envenenando o caminho incinerando as folhas do jardim de passeio
vamos ir baby, neste dia mundial do tédio fazer o vento soprar
e derrubar as cercas e mostrar tudo aquilo escondido na moita
o bichinho de estimação não está no sofá
ele fugiu
vamos atrás dele
e ficar um pouco por lá
não vai dar tempo pra ninguém vir atrás estaremos sós
sem sinalizadores
já tenho o bastante para fazer estrelas brilharem na altura do chão.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carimbado!

cheia de frases feitas
refrão de música popular
sentada num canto esperando passar
será se passa?
ninguém pergunta nada
então estou sabendo disfarçar
andando devagar
de tanto fazer já é meu
recolhendo as sementes para que não se espalhe
para poupar esta babaquice
que começa com um quero e vai sem querer.

Na minha a tua ferida

essa a vida que eu quero,
querida

encostar na minha
a tua ferida

Paulo Leminski


Menos um

está se repetindo estamos nos repetindo
virando alvo fácil
atitudes previsíveis
fugir?
correr?
podemos correr até ficar sem ar
se cansando só de pensar
mas nunca mais corremos sempre calmos e deixando a oportunidade passar
certos de que outra virá...
...mas hoje estou de saia!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Layout

corte mais curto para parecer forte como se todas as mudanças fossem o suficiente a te deixar mais violento, mais vivo, mais presente menos passado, e aquela que antes te diferenciava e marcava, agora vai embora, forçando uma nova vista, uma nova força pra marcar o novo, eles não precisavam disso, nem queriam isso, estava tudo no lugar, tudo calmo e previsível, se algo desaparecesse iria calado. nem o vento sopraria mais forte, o vento espalhou as folhas e não balançou teus cabelos, ele não coube na previsão, como a chuva que cai de repente na tarde em que todos estam deitados na grama, os sentidos voltaram a existir, sem a dormência dos anos, sem espaço entre a camisa e o pescoço, as unhas rapidamente encontram o couro e como tudo que é recente com um pouco de cabelo nas mãos.

sábado, 17 de abril de 2010

Longe

e era um rumo qualquer como se tudo que vai ser não devesse chegar nunca, na precisa caminhada o ponto de chegada talvez não exista, desejamos isso, desejamos estar ali lado a lado, tomando a rua infestada de carros esnobes e indiferentes a si mesmos. Estamos alados, inflando, guardando fôlego, engolindo ar. Fomos crescendo, a cada passo, a cada gole de suor que escorria pesando a camisa e desacelerando o passo. Mas a batida tá forte ninguém quer que o show termine, que a multidão se dissipe. Sem eterno retorno, sem voltar, é só seguir e continuar. Distraídos sem sombra de lembranças. A carta esperada some, a comida no prato esfria, lençóis secos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Acione um verbo

espalitar os dentes é uma arte
que é tema de série de etiqueta
de como se faz na frente dos outros
não quero que me vejas em tudo que faço
nem quero mudar a forma de fazer pelo programa da TV

partas tudo
o pão, sua volta, meu coração
deixei fazer
o como é seu.