domingo, 21 de junho de 2009

Gilvan Santos

O mar de Teresina fica
no céu da boca das meninas...


...e dos rapazes también...

sábado, 13 de junho de 2009

Linda - Clínica Tobias Blues


linda,
quero-te tão bem
e também quero além,

um simples porém

sem nenhum desdém:
quero teu cheiro,
tua voz fanha,
só na manha
às entranhas
e teias de aranha
quero grudar.
de língua bipartida,
paixão rossonera,
peitinho pêra,
viúva rubro-negra
deseja me devorar.
eu quero,
com extremo esmero
em teus lábios carnudos,
grandes carnudos lábios
vagarosamente penetrar.
e com a taça guanabara vamos brindar
e com a taça rio eu sorrio aqui acolá:
num canto escuro, atraz do muro, levanta saia, faz-me cobaia;
o pranto profundo, o gozo puro, o pulsar insano, o silencioso gritar.

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/ctblues/

quinta-feira, 11 de junho de 2009

PARÁGRAFO ÚNICO

rabiscos intensos
transformaram meu sonho numa mancha incolor
de todas as cores o nada se fez
lindos bordados, iluminuras arruinadas
como se uma catástrofe natural passasse e
misturasse tudo, sem distinguir nada,
nada vale: tudo passa e some pra sempre.
toda confusa
por isso aproveito cada vão momento
coberta com roupas inúteis, para esconder
marcas revelantes de conduta, ao passo
que o tempo as faz sumir,
marcas que vem e vão:
nascem crescem se reproduzem e morrem.
transformando-me novamente
em uma folha em branco
num *mudo convite

*Ana Cristina César

* Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:

terça-feira, 9 de junho de 2009

OS SEUS

cabe tudo dentro:
imagina ele.
quero caber aí dentro:
diz ele.

sem camisa para todo lado
é mais fácil assim
nem precisa está com nada
por baixo:
quem se importa?!

sua coragem, natural
do gênero, faz com que ninguém
suspeite de nada.

fica parado olhando, diz:
sei que foi ruim, sem lugar,
mas se parasse de rir
eu ficaria feliz .

quinta-feira, 4 de junho de 2009

OS MEUS

tudo feito para dificultar ações:
muito pano,
muita amarra,
botões, colares, pinturas, correias
bem guardado e
reforçado.


novidades que não param de chegar
aumentando a
indumentária,
tornando mais dificil a soltura
parece até manso

jogo tático, armadilha perfeita
a vontade é de estar sem nada
livre como os bichinhos

sem regras, sem medos
a amarra perfeita
é tua força
em meus cabelos.

OS NOSSOS

Os teus e os meus caminhos
Os teus e os meus mamilos
se cruzam como cruzam aves
ao vento menino sem ninho


A minha e a tua boca
A tua e a minha força
Quando vão de encontro a outra
Se melam se metem em rosca

Meus olhos os teus sentidos
Teu cheiro nos meus ouvidos
Foi uma música que ouvi
ou foi aquela qu eu mesmo fiz

Teu cheiro nos meus cabelos
O teu no meu coração
E eu cheio de nós o mesmo
Que um cesto tu fome eu pão

Teu cheiro nos meus cabelos
O meu no teu coração
E eu cheio de nós o mesmo
Que um cesto eu fome tu pão

Composição: Teófilo Lima

http://www.teofilolima.com.br/port/index.php


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Safado

o rouco som de tua voz, os muitos arpejos de instrumentos seculares
que inflam os botes para uma viagem sem fim; é assim que me sinto sempre
quando num grupo definido saímos rumo ao bar mais próximo para discutir
e tentar validar o esforço descomunal em ganhar dinheiro.
numa cadeira de frente a minha faz o famoso gesto de jantar burguês e passa seu
coturno em minhas pernas desnudas e contornadas por um leve pano.
gesto cliché como eu na mesa na tua frente, vai ser tudo igual, a noite, dito ambiente propício para
qualquer mal se situa entre o foco do copo e teu negro olhar.
várias doses, vários goles, uns atendem o celular, outros vão ao banheiro, levanto para o acento que
se desocupa. a mesa que antes era de jantar virou mesinha de centro e eu sou teu centro nessa dança das cadeiras. o tempo diz que vai embora e fica sempre pra mais um gole.
e a perna encontra a outra e nem se estica mais, esforço guardado
para o que vem a seguir, o que sempre se segue depois de longos
jogos de sedução, depois de se cessar a brincadeira das insinuações
e revela de maneira nada convencional e sem remorsos o final da noite:
se pagares a conta a noite é despesa minha.

TEXTO: AR puro