sexta-feira, 29 de maio de 2009

Bicho-de-pé e de educação sexual

O bicho-de-pé (Tunga penetrans) merece sobreviver por
suas múltiplas utilidades, entre elas, o seu uso didático
utilíssimo em aulas de educação sexual. A jovem, com
medo da noite de núpcias, perguntou à mãe se doía muito.
Ao que a mãe respondeu: "É feito bicho-de-pé. Dói um
pouquinho, mas depois agente não quer parar de esfregar...".

Rubem Alves

segunda-feira, 25 de maio de 2009


O corpo ainda guarda a lembrança do outro e fica em guarda, esperando a hora de renovar o gosto de mar, do orvalho do outro. De mais uma vez escalar os acidentes já conhecidos, daquele que se deixar levar na onda, na mesma vontade. O corpo que por muitas vezes funciona sozinho, quer funcionar mais uma vez com o peso do outro, respirar com o peso do outro, se mover com o peso do outro. Que a calma só alcança na presença do perigo de se estar diante daquele corpo que conhece bem mais do que podia ser revelado. Que já sabe a reação da ação insistentemente imposta, e assim gastar aquela força que muitas vezes é inoperante e que agora tem serventia.

Texto: ARPURO

sexta-feira, 22 de maio de 2009

DOMINATRIX

Escutando um blues num canto qualquer de um lugar espero você chegar pra enfim, valer a pena este dia; transmitindo pelo telefone as regras do jogo, tudo pronto, mas nada serve se não apareceres, sabes o que quero, como; não pergunte por porquês eles são abstratos como tudo o que te separou de mim. Formado o acordo: o silêncio serás tua atitude eterna ao meu lado agora;

dor, sangue e suor é a única coisa que você ira expor e todos eles saíram como seu som natural,


não quero escutar rugidos, gritos e afins. O bom é que nunca gritas, sempre ouve, sempre espera, totalmente entregue, mercadoria dos meus sonhos. A eternidade dura pouco. Marcas do que foi feito são deixadas para incitar a pobre imaginação de quem se atrever a fixar o olhar.


Olho pra ti no momento exato da resposta: sim, claro, mas tem o jornal depois do futebol.
Texto:ARPURO

terça-feira, 19 de maio de 2009

CAFÉ FILOSÓFICO

Café Filosófico da UFPI debate clonagem humana

"Vida e Transplante de órgãos: possibilidades do corpo, intrasposições da alma". Esse será o tema a ser debatido no Café Filosófico da próxima sexta-feira (dia 29). O encontro acontece no auditório do CENAJUS, às 18h, e vai contar com a participação do doutor em Filosofia pela UNICAMP, com Estágio Doutoral na Flensburg Universität (Alemanha), Jorge Adriano Lubenow.

"Vou abordar, especificamente, a clonagem humana a partir de argumentos do filósofo alemão Jürgen Habermas, demonstrando e levantando questões sobre os limites morais do avanço da medicina reprodutiva", afirmou Jorge Adriano. Segundo ele, a primeira parte do debate vai fundamentar outra discussão, acerca da natureza humana.

O Café Filosófico é um projeto de extensão permanente do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Piauí que visa a promover debates, palestras, conferências, pesquisas, apresentações artísticas e mostra de trabalhos em diversas áreas do conhecimento.

O público-alvo do projeto são estudantes e quaisquer profissionais que se interessem em debater temas concernentes ao cotidiano, a partir do crivo da filosofia. "Nossa intenção com o Café é o de realizar uma atividade extracurricular que mostre como a filosofia pode ser importante para a vida, não apenas no âmbito acadêmico", explica o professor do Departamento de Filosofia, José Renato, que juntamente com o professor Helder Buenos Aires de Carvalho, coordena o projeto.

O Café Filosófico começou a ser realizado em 2006, mas foi interrompido no mesmo ano. A intenção dos coordenadores é que ele reabra a partir do debate da sexta-feira (dia 29) e aconteça semanalmente, no Auditório do CCHL - Centro de Ciências Humanas e Letras - ou no CENAJUS. Mais informações no Departamento de Filosofia.

http://www.ufpi.br/

segunda-feira, 18 de maio de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

sem o remendo

Meu telhado de músculo agora é defeituoso
foi quando aconteceu uma enxurrada
e passou a ficar permeável a agentes externos
pinga mais do que se eu estivesse
fazendo chuva.

Texto: ARPURO

sexta-feira, 15 de maio de 2009

o dia como qualquer outra coisa
aparece sem mais nem menos
e ontem eu sabia que meus sapatos
estavam onde tem de ficarem
sabia a ordem das roupas no guarda-roupa
na casa ando de olhos fechados
e agora esbarro nas coisa banais
num lugar cheio de espelhos
duas portas: banheiro/saída
partindo para uma estrada
longe de tudo
e o dia vem e fica comigo até o sono chegar.
Texto: ARPURO

Filósofos no ócio

Foto: ARPURO

quinta-feira, 14 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tardes sem / com o sol

o teor alcoólico misturado com o ar vespertino
que é percebido pelo estado do sol
a tarde que muitas vezes passa sem ser percebida
é usada no momento com marca prazeirosa de lembrança
para preencher o ócio da solidão social.
marco bem firme as mãos em tuas largas costas para saber até onde
posso te segurar, te prender
usar de minha pequena força para te deter em mim um tempo maior.
sede de teu suor inconfundível, sede de tua pele que se cansa , mas não se entrega
ao esgotamento, se entrega a mim, que tenho sede.
o teor de álcool aumenta o desejo velado num conjunto de roupas.
que não fazem nenhum sentido agora, que serão recolhidas depois, depois, bem depois.
num gesto de fim, de conclusão.
do sentido real de nossa presença mundana
valor de igualdade de animal,
não importa as bugigangas que nos prendem num eterno aborrecimento.
sinto que meu corpo é vivo e que recebe em si outro ser vivo
que se move
que se agita
que perturbar o som pausado de meu corpo
que agora inconsciente clama por algo inaudível
grito demoníaco
grito bendito
passa tudo agora fica o cheiro
o mesmo da cachaça
o mesmo do suor
momento do corpo gravado e grafado no cheiro.

Texto: ARPURO
POR CIMA DO MURO
EMPURRANDO O MURO A FORÇA
ERA TÃO GRANDE QUE NA LUZ DO
DIA DE LONGE SE VIA
DEPENDURADO O PANO
DA ROUPA ARRANCADO
NA MARRA


Texto: ARPURO


Embaraço

Era pra valer a pena, ver tudo mais ao redor, tentar guardá-lo
pra si que nem a água que encharca um velho jornal, esquecido no
chão e que o destrói, formando uma coisa nova, uma mistura, que
só se faz com eles dois... Mas chegam os outros, batem na porta,
carteiro entregando cartas, contas, compostura.
Fica tudo pra trás, o tesão não é o mesmo.
E como seria depois de cair na realidade do mundo das contas atrasadas.
Veste a camisa arruma a roupa e volta-se ao trabalho.

Texto: ARPURO

Urbano

OS OLHOS ARDEM MUITO MAIS DO QUE QUALQUER PALAVRA QUE FOSSE DITA POR TI
É PELAS LUZES DESSA CIDADE DE RUIDOS FURIOSOS
EXISTEM OUTRAS QUE SÃO MUITO MAIS RAIVOSAS
MAS ESTA É A MINHA CIDADE E A QUE QUERO ESTÁ
E ESTE É O MEU ROMANCE TIPICO URBANO, TIPICO DE SHOW PUBLICOS
PARA UMA PLATÉIA DESATENTA E PEGA DE SURPRESA
SEI QUE TODAS AS MÚSICAS QUE PENSO QUE SÃO PRA MIM REALMENTE SÃO
QUE FAZES TUDO ÀS ESCURAS PRA INEVITAVELMENTE PENSAR EM TI
QUE SABES OS RASTROS QUE DEIXO NOS BANCOS E ESCADARIAS SANTAS
QUE SEMPRE QUE POSSO REGO AS PLANTAS DA RUA COM O ÚLTIMO GOLE
MAS QUE TANTO OS MEUS QUANTO OS TEUS SENTIDOS SÓ VALEM QUANDO
NOSSAS PRESENÇAS PREENCHEM TODO O NOSSO CAMPO VISUAL E SE FAZ UM
SILÊNCIO INFERNAL A TEMPERATURA CAI E SOBE E A PRESSÃO É TANTA
QUE NINGUÉM SE MEXE COMO SE DISSO FOSSE NASCER ALGO
DUAS COISAS GERANDO OUTRA
NÃO IGUAL
MAS UMA COISA
QUE UNE E SEPARA
UNE EM TI
E SEPARA DOS OUTROS.

TEXTO: ARPURO