terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Acelerador

na janela
vendo a paisagem que sempre existiu
na janela sim
é como se eu estivesse só
e fosse indo sem parar
continuando pra sempre
pelo menos por enquanto
vento na cara
primeiros botões abertos de minha camisa masculina
fazem a sensação ser ainda melhor
on the road
e vai...
parece que já conheces o caminho
a cidade, a metrópole toda coberta de luz e cores
fica pra tras
no teu ato bruto de desprezo
quer chegar no deserto
quer se sentir livre e descobrir o que ele tem a lhe oferecer
por mais que ele se mostre seco não é indiferente
só gosto de olhar pela janela
gosto de velocidade
100 110 120...
velocidade máxima
faz o carro capotar
girar em 180 graus
amassar
flui líquido
partes que já estavam de fora ficam mais expostas por causa do impacto
os corpos cansados se deixam deitados
ficam a SOS.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

The end

todos estam indo se tratar
se transplantar
tentar revidar a morte
num gancho de esquerda
arriscando tão descaradamente na frente dela
uns dançam
os outros não mudam jamais
resmungam
estam mais rabugentos do que nunca
os que não mudam sacam logo
esta é minha única chance
não serei borboleta, lagarta pintada, nem compensado vagabundo
faço cálculos para talvez mudar o rumo da conversa
estimativas de vidente fajuta
cartomante descartável
na verdade precisamos de um transplante
você é compatível
mas no nosso caso a doação tem de ser constante
na fila de espera
no consultório
maca
sala de cirurgia
necrotério
túmulo

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Nosferatus

me perguntaram uma vez o que carrego comigo
disse que dava para embriagar
e que podia por pra dormir qualquer um sem enjôos.
o copo estava leve sem muito liquido
e o diferencial
se nem os críticos se entendem
vou eu tentar acertar pra quê?
não, eu não estava fingindo
não estava dando uma de fraca
eu queria
aaah como eu queria
não é vaidade é vontade
vem antes que...
uso as roupas de caubóis
pensava ser irreverente com ela
mas o zíper não abre
use saias!
use batom!
make-up ajuda sim
e como...
no dia seguinte é ilário ver você procurar alguma marca no meu pescoço

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Caretas

arrume os cabelos sem muita presa
vejo as marcas que deixei
teus sinais ganharam destaques
umas partes sangram
pergunto como está as minhas
você ri e diz que qualquer coisa o sutiã cobre
não é pra todo lugar que se tira a camisa.
digo: é depende da apresentação
se pagarem bem agente até capricha.
paramos
nos olhamos
romântico
nunca pensei que chegaria a esse ponto: olhar e ri
pegar tua nuca
te acariciar
apertar
entra pelo meu peito, entra de novo, entra e não sai mais
merecias um tapa
me fazer acreditar tanto assim
eu que pensava jamais ter fé
sempre achei engraçado o feminino de ateu
agora acho graça de tudo
o pior não é rir em todo lugar
é ficar fazendo cara de gozo em todo lugar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Letreiro

a brisa sai das águas e vem pra rua adormecida
tento passar pro rio minha história
sei que nem chego perto de seu sofrimento
mas posso demostrar muito mais e melhor
era um drink rápido
uma vontade repentina
daquelas que não se pode deixar passar
e lá do outro lado da rua
a mão que me estremecia
acariciava um ombro
que não era o meu
só foi um drink
os olhos estavam sãos
eu pedi você aceitou, me obedeceu
como se sempre o fizesse
realmente esperava o contrário
foi sem pensar
e o letreiro já anunciava a séculos tua decisão
neon vagabundo
de dia nem parecia ter nome
era galpão abandonado
de noite com lâmpadas queimadas
sabia que o aviso era pra mim
TADEU'S BEER MAN
quantas pedras teves que procurar no escaldante asfalto
para quebrar o vidro?
tens uma pontaria horrível
eu só estava na hora errada, no lugar errado
e o gole correu pela garganta
como o curso do rio
boa noite ao Gerson
pego as chaves
olho o movimento(ausencia) na rua
de casaco fechado
caminho desviando das tartarugas no chão
ignorando os semáforos
acelero sem bagagem
leve quase vou no embalo da brisa

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Segunda leitura

contarei agora o que se passou na manha de outubro
uma manha quente e abafada
lembrando um fim de dia
cansativo sem ser triste
lábios cerrados esperando a chave para liberta-los do silencio
cadeiras postas em círculos
uma possível reunião, um culto, ou qualquer outra forma de persuasão
estaria para acontecer
e poderia ate se convencer disso
se isso não fosse o habitual, o mecânico
o mesmo jeito de começar o dia
e de repente como sempre se espera que uma mudança aconteça
ele vem todo de branco
todo de preto
lilás cinza azul
neutro como a manha
para ser os amanhas
com flores e relógio
destroi o pijama favorito
roca, faz a tosa
diz que veio pra gozar na sua cara
ela entende errado e deixa
deita e rola
esquenta ainda mais o alpendre
feridas se abrem
jorrando sangue
uma mistura de cola branca com guache vermelha
quem vai dar mais por uma coisa dessas?
nem quinquilharia de porão, nem amontoado de lixo
ele ainda tem o cinto
e tu com que vais te cobris
vais ser chamada de que?
será mais um dos nomes das desgraçadas que não tiveram medo de amar.

Durvalino Couto, In "Os cacadores de Prosodia"

No instante em que te beijei no sofa, Beirute
era bombardeada. Ao nosso toque de lingua,
começou o corre-corre dos civis. Meus sentidos
estavam bem distantes daqueles voos rasantes
dos F-116. Eu via na TV depois. Mamãe estava
preocupada. Que eu não fizesse nada as filhas
alheias. Os pilotos de Israel são altamente profissionais.
Você tem um toque de amor muitíssimo estimulante.
Os pais de hoje podem sorrir do que nos acontece,
quando eles saem para seus fins de semana.
Você e novinha, mas seu sexo e um fóssil vivo,
superlativo. Que perpetua essa raça há milhões
de anos.Sexo & Sangue,densa harmonia. Eu sonhei
demais naquela tarde. E andei nu por toda a casa.
Ate chorar na lama das trincheiras, quando
a TV disse e mostrou que Beirute estava sendo arrasada.

domingo, 15 de novembro de 2009

Area de trabalho

Degringolou
penas sem o digital
sou feita de fita
enrolas e faz um bordado
sem bateria
te mato no cansaço
liquidifique
no máximo no pause no próximo
rebobine a rebinboca
tuas mãos amarelas enferrujadas
teus dedos sujos de poeira da rede
agilidade para um possível conforto
garanto
garantia certa
tiro pela maturidade fajuta das historias seculares
que acumulo em minha corcunda
mete o dedo
roda a fita, faz entrar tudo pro som poder sair
me deixe ereta de novo
dica:
se for preciso cole
novo papel de parede

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entre batendo

quando a cor não importava
os olhos piscavam nervosos
e tudo esfumaçando
se diluindo
como o efervescente exibido como um trunfo no fim da noite
levantei fui até o garçom e quebrei a garrafa em sua cabeça
esperando punição
receita de bons modos
milhões de orações
sangue por cima do sal
ardência
não quero piedade
pode bater
o que mais me mata e me faz te querer mais
é a tua cavalheirice
ah se o "h" se calasse
adoraria ficar por baixo.



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

huuuuuuuuum

acho que tive uma pontada

passaram rasgando em mim


aaaaaaaaaaaai


pega é aqui


vou morrer


tow meio tonta

senta aqui
é assim
deixa eu deitar aqui
nas pernas
você já leu o Kama Sutra?
ficar assim é indicar
que a lady gosta de quem está a recebendo


acho que tá voltando...
tá sentindo...

OFUSCARO

fuscaro
ofusca
é caro

Cadê meus óculos porque esse preço aqui tá errado.

Playlist

considerando as mortes que poderiam ter acontecido contigo
e tudo o mais que reclama por não ter feito
de estar cansado
de jogar sempre com a mesma estratégia
oral
frente
costas
deita
vira
fuma
dorme
acho que é teu gosto musical
acho que poderia
tentar a felicidade banal e fugaz dos trances

Convite por favor

quem ia desconfiar
de toda organização
de toda movimentação
de um lado e pro outro
quando ninguém estava por perto ou apenas distraídos
lembrando ou sonhando inventando ou fingindo
muito ocupados
o certo foi que alguém viu
viu uns restos espalhados sistematicamente
formando uma espécie de caminho
o certo é nem ligar
mas quem é que não quer fazer algo de importante
imortalizar-se
para onde vai isso?
deveria ter se perguntado
apenas foi e seguiu até chegar no ninho
no meu ninho de rato
na bagunça
e viu tudo o que trazia comigo
nunca pensei em arrumar a casa
parar
o hábito me movia
e agora como um ransinsa mando voltar
respondo que não tem ninguém
na verdade a casa tá lotada
dormir agora é o remédio perfeito
já que dinheiro nem plantas se fazem presente.

sábado, 7 de novembro de 2009

TICS - TOCS

esqueci meu número da sorte
o tanto de pulinhos na música preferida
estalar os dedos é no ímpar ou par?
tinha um carocinho na minha cabeça que sempre coçava
bater o pé bate o pé
tan tan tan tan
depois de um esbarrão
de uma marca roxa no braço
e o coração só atende por teu código

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Preguiça

canta passarinho canta
que todo teu canto serve de encanto
para o levantar leve
para o repouso da espuma
a brancura manchar
porque ser mar
ir e voltar
redemoinho de vento e água
sal e calor: suor e lágrima
tem que ter força
para na manhã poder acordar.

Na noite de óculos escuros

de longe
você passa longe da minha vontade
mas pra provar meu poder
invento coisas para assegurar a compania
não é favor
é posse
é poder segurar teu coração sem ter fome
é ver o sangue descendo pelo braço
sem querer beber
sou capitalista o bastante
pra deixar ele estragando ali no canto
me dando conta da sua presença
pelo cheiro
pelo fedor
de podridão, de desgaste
mas é pior que mocinho de anime
continua a lutar
agonizando, se rasteja
ajudo a levantar, a remover os cacos
só tem eu por perto mesmo
abaixo e te levanto
mas eu vou na frente
vendo se tem alguma coisa
que por todo esse tempo fiquei sem perceber.

domingo, 1 de novembro de 2009

Studio de Publicidade

a francesa fui tentar fazer chá
numa tarde sem programas, normal se não fosse pelo chá
minha tentativa de ser adulta o suficiente para acerta na quantidade de água
mas não acertei
fui para a janela enquanto a água fervia
os olhos buscaram você voltando ou indo
mas num feriado escutando Trouble No More
espantada com as insinuações do vapor
lembrei do perigo do sono
da fragilidade que provoca o assassinato
leveza espantosa do descanso
incompativel com minha falta de ar
como pesar e não ter peso ao mesmo tempo
é como o sachê que ainda não molhei
alivio para tormento inventado de última hora
e a melancolia se vai assim que a gravidade alcança o lençol
servido de roupa e que agora é tapete pra cozinha
e como toalha de pique nique
com pedaços de grama
e ensopada com o suco que escapou dos copos.

sábado, 31 de outubro de 2009

longe dos grandes números e das apostas gigantescas
megalomaníacos
sempre esperando a hora do solo, do
riff
para se entregar ao som
do fingimento de empatia
e de longe, acredito que seja tudo verdade
antes na mesa não era um jogo como outro qualquer
sem apostas, sem
raivas, blefs, sarcasmos
agora está tudo provocante
descaradamente provocante
e as atitudes descaradas me enchem de raiva e de alegria
faltam os
adjetivos
mas consigo fazer e pensar várias coisas ao mesmo tempo
vejo a anatomia da guitarra
que as cordas serve de amarras
e o corpo é por onde o
contato se faz,
e vem o atrito
e vem o som
e vem o grito
fogos de
artifícios
show mais aguardado
e no palco de olhos bem fechados
a dupla mostra seus dons musicais
experimental
e o tempo curto que era pra durar a vida toda
dura o tempo do ingresso
que não serve mais pra nada
e vão aos pouco indo...
cada vez mais sem presa
até que fiquemos inteiramente sós
em meio a papéis e cartas arremessadas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Superstição

Ao ganhar um presente
tente não ir pelas partes
passo a passo
desvie do manual
inove!
rasgue o embrulho
segundo os profetas
rasgar significa
rápidas conquistas
e bom desempenho
além de um certo tom agressivo e direto
que atrai um contigente maior de compania
e nos tons perto do sangue e do vinho afloram
a sensibilidade criativa, gustativa, apelativa e indutiva.
não sou de me mostrar de revelar
na cidade não tem os químicos
nem filme P&B
à moda antiga?
não é isso
não tem nada a ver com isso
é porque parei para fumar e acabei dando carona pra quem não devia
me fez gritar falar em morte
acelerar em curvas rápidas na beira de desfiladeiros
teria batido
teria jogado carro com tudo
num vestido de seda leve
mas parei
subi a alça
estanquei
e você saiu
voou na cadeira de mola
de repente
acordei no susto
e a cabeça ficou doendo o dia todo
nunca fiquei de ressaca
e não gastei centavos em comprimidos
entrei em repertições e aproveitei o café
senti de novo o cheiro
a dor passou
vem...
o riso safado no canto da boca
gosto antigo
vontade antiga
sem devoção
vou pregando os canticos renovados
do catecismo zefiramo
a la moda da casa

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sem senhas no glichê

cada ritual feito no dia
cada gota de água que invade meu corpo
destroi a pausa
e me controlo para não fazer barulho bebendo
o soluço é imperceptível
entre rios de lágrimas e copos virados
resultado de mal uso
mas bom proveito
o fim parece bênção e alívio
sem esperas sem desesperos
conservo minhas unhas para abrir comprimidos...
...de banho tomado
tudo limpo e perfumado casa pronta para receber visitas
.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fictions

pronta para lutar
no caderno todas as receitas fajutas dos filmes
napalm, sabonete, bastão, controle remoto, enlatados
tudo me garantiria uma vida boa no front
um casaco de pele de animal
ou um oculos escuros na frente do PC
cópia da cópia
uma saudação espanhola
bonecos de aluminio
estampo minhas manias esperando um empate
a ciência reponsável pelo empate deve ser a empatia
pronta para andar
até a ponta dos teus pés perto de teu ventre
brincadeira de antes
e teus cabelos me puxando
levantando meu rosto que vê a grande diferença entre nossos pés
não sei quanto é um quilometro, "daqui a 20 metros"
sei o quanto pode durar uma onomatopéia
uma explosão de mil tachyons
que vira crosta para um planeta próximo
aquele avistado por uma nave de atrevidos que pasman diante da grande descoberta

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Lá Lá Lá é Lá

como um fake
uma postiça
fantasia de um só dia
que crê nos distúrbios
e nas novas alucinações
...tico mia no quarto te mia no sofá...
já cantava o grande músico pai de outro grande músico que teve um caso com outro grande nome da música(o?)

Varal

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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sorte do dia

cega
como em todo começo vou tateando
mesmo sem os antecedentes
me cansando com erros
me chateando com babaquices
cabeça vindo pro coração
quebrando tudo
me cortando
parece mesmo é fim trágico
destruindo todas as porcarias que pra você são importantes
e isso me chega perto
nem a mil Km do que está guardado aqui dentro
o vômito talvez seja o melhor exemplo pra tudo
não que lembro de tudo e é bom nem lembrar
tenho pontos bônus créditos que ninguem tira
então longe de ser um sonho bom vou aproveitar minha má
sorte e jogar na LOTO.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não conta pra ninguém

a gritaria diminui quando as outras partes se
esvaem em porções controladas
em pequenas doses que depois de uns segundos
dão impressão de overdose
morrer depois não seria má ideia
ensopada numa compulsão
as provas da carência da falta
do grande intervalo dado...


mas por enquanto no registro está tudo na medida.

O Iluminado

Um amarelo indecentemente exposto
acúmulo daquilo preso que vai se formando e
de repente não se sustenta
é visível é encantador
talvez não tenha sido tão boa ultimamente
tua bondade é contagiante
e um mergulho assim é tudo que quero
sem redenção sem perdão sem absolvição
é só pra me deixar entrar
peço licença sento aonde apontar
pouca voz, gestos mínimos
não faço barulho quero é saber o que me fez ficar assim
e pode começar se desculpando
nunca tudo ficou tão central
e a tontura me persegue tomando conta
dividindo passos
vivo bêbada por ti
não podes ficar longe
lá vêm lá vêm
fico dizendo pra ela
essa amarela que me guia até aqui
danço na rua fico rindo
todos se afastam sentem o cheiro
estou contaminada por ti
pode levantar o pano
se apresente para mim
faça molduras, partituras o que quiser
me conduza ao irracional
me faça gritar
me faça usar roupas de inverno no reino do sol
e se vanglorie sempre
por ser quem por enquanto me distancia de outros
agente motíferos
Amén




sexta-feira, 2 de outubro de 2009

uma obrigação mediocre
faltou água para limpar o chão
e não sou eu quem vai limpar
esses momentos são os melhores para se usar
do trabalho braçal de quem só reclama
entonces...
não me enrole
nem minha blusa
o que podia ficar de formalidade foi deixado para trás
protocolo quebrado
uma frase cliché sempre desperta risos
ainda mais safadamente empregada
a surdez chegou a todos
hã? chega mais perto...
engraçado nunca fui de acreditar em paranormalidades
a sincronia telepatica é perfeita
e tudo dança no teu compasso no teu canto
primeiro a sonsa depois a vagabunda
finjir burrice cansa
desperdiça descuidos agradavéis
perceber uma cicatriz de um corte profundo no maxilar perto da ponta da orelha esquerda
relembrar as traquinagens infantis é um aperitivo fabuloso de atenção
como cabelo maior ninguém veria
na cozinha um pano torcido no canto e a mancha desaparece
em qualquer outro canto teu riso leve me fixa de vez
na volta a torta porta se fecha acordo sem perceber
se vivi ou sonhei.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

-Bom dia? -ÓTIMO!

fadiga
cansaço
fraqueça
movimentos minimos
rouquidão
suor intenso
manchas pelo corpo
queda de cabelo
dores musculares
gosto estranho na boca
sonolência

Efeitos de bom uso do corpo, fins lucrativos
para a humanidade estimulando a gentileza e os bons modos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu sei andar sozinha!

sem nada sem nada mesmo
a luz cega tudo
tudo que me agradava
sem cheiro bom
o que transpiro
não é o que quero respirar,
entupir minhas narinas
esse portas-óculos
nem faz sol
e a noite nem liga se está embaçado ou não
será que acerto o caminho até aí?
sem ajuda sem nada?
nada chega até mim
antes era como magia
bruxaria vudu
era só querer
e agora?!
nem pilhas na geladeira nem nada
dei tilt?
nem na pancada nem empacada
perdi minha capa e minha fantasia
fico sem me exibir
se a platéia vaiasse
jogasse seus copos
não adianta resistir
vou tirar mais cincos minutinhos
já já eu volto.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Isso não estava no roteiro (deve estar nas letrinhas miudas do contrato)

posso finjir que sou tua
fazer escolhas que te prejudique
quero te provocar só isso
não lembro mais de certos cheiros
um gesto
um palavrão
tudo ficou subentendido
as lacunas se perderam no espaço
botões continuam grudados
linhas retas na tampa da geladeira
posso rasgar papéis importantes
e depois em cima deles suar até que eles se desmanchem
mudando meu tom de pele
descabelar teu pouco pelo
tentar trançar
traças minhas unhas esferiográficas
produto catalogado
na planilha de minhas atividades
poderia servir qualquer um com gelo
poderia ser mais uma saideira
mais uma sempre nova desculpa
para ser ajudado
a súplica por pena
mas aqui todos são iguais
e o perdão não compensa
e antes que eu atravesse a porta invadindo tua sala
encosto meu rosto no frio balcão do bar.


domingo, 20 de setembro de 2009

Nunca fui santa muito menos num domingo

tiras de legumes e um domingo se enche de
trabalho
e um calor dos diabos
me sinto até imune do calor do inferno
mas como não gostar de suar
a lembrança vai longe...
o tempo vai longe...
e muitos estão longe...
areia, sol, TV
"tudo está fechado...
...e quem não está acostumado"
vivo de coceira
não acostumo
nunca
ainda mais quando os joelhos sujam
e perdão aos pecados se pede

Universidade

o melhor do dia
o horário de encontro
uma mesa duas talvez
atrasados
despreocupados
tranquilos
curiosos
nem parece mas a obrigação está em tudo
o pouco tempo em que as outras mesas
passam ocupadas e a nossa sempre cheia
sempre mais um
proposta de regar os sentidos
outro lugar onde se permita usar mangueiras
um jardim de grama verde e saguis
e a lumionosidade se vai e estranhas luzes se
mesclam com os olhos perdidos
uma, duas horas
nunca é tarde
a sede e o topor
unem os que não cansam se cantar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Retoco sem espelho

de arrancar os olhos e se sustentar nos mais infames abismos
numa superfície desgastada, continuar a rotina das paredes descascadas
do lodo no canto, nada é melhor do que o que faço, do que desperto
a imagem sem distorção, fotografia verdadeira
disposição final da vontade, uma vontade ressentida
forçosamente restringida nos tecidos recortados
altar de lamentações, de salvação
que após o cansaço zela a confissão dos que deslizam
pecaminosamente em registrar a biografia a sério de mais
mal sabem que os únicos borrões na história
é o do meu batom.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

e quando escontas em mim e aquilo de desespero some
e vem sem presa, gravo tudo, sonho depois
quando estende sua mão pra que te alcance
nunca estive tão segura, sonho depois
quando de longe gritas meu nome
entendo tua rima e seu que ela é minha, sonho depois
quando por impulso me enche em teu corpo
a arquitetura e todos aqueles números ganham sentido, sonho depois
e quando por uma chuva forte e vários dias nublados
me gardo encharda dos sonhos
que numa manha depositastes em mim.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

QUINTANDEIRA (O Comprador O Vendedor O Ladrão)

na rua certa uma porta sempre e nunca antes aberta
está preparada para a visita: câmera se aproximando; espere o zoom
com o seu fundo musical, com as mais pedidas, com as peculiares, com as esgotadas
todos, a todos...
um sorriso, um beijo, ou nada
VÁ DIRETO AO PONTO!
conheça: desvie olhar
procure,
o que queres mesmo?
porquê não?!
a experiência é um aprendizado diário.
a quanto tempo fica em duas pernas e não sabe o que se passas no recipiente?
reconheço cheiros, os mais variados sabores, sei o tanto de peso que posso aguentar,
olhando faço estimativas.
mas o que tens a me mostrar: propague!
pelo improviso, pela calejada articulação, pelo discurso vencedor, pelo blefe.
tudo o que trazes renova tua presença
a alma do negócio,
marca registrada?
está é apenas uma das várias paradas para historietas.
SILÊNCIO!
brutal seco reto
como os conhecidos não ousam...
o estranho aproveita, se esvai de moral
e acaba por se revelar e fazer se entregar a sua vontade
tremor, tremor
suor, suor,
a câmera bate no corpo de tão perto
tum (é o som)
saída repentina, abandono repentino
o meu silêncio foi tua marca.
câmera sai fazendo uma paralela do local
fundo musical
fade out.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Drummond

Sugar e ser sugado pelo amor

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.

Conversa de banheiro I

o que fazer quando as asas
o casulo não mais suportam
e diante do galho
querem pousar
...

domingo, 26 de julho de 2009

sempre um som
sempre um modo
diferente e repetido
fique sem olhar sem mexer
instantes cego não aguçará
seus outros sentidos de repente
e seus lapsos se tornarão uma referencia sutil
para prever as ações possíveis
a prática feita e repetida servirá para me facilitar
para evitar o enfado do ensinamento
revestido o terreno é um
despido o terreno é outro, apelo são
ao uso à ação

sexta-feira, 17 de julho de 2009

rasgar folhas não adianta, rever as cicatrizes não adianta
passar e fingir que não conhece,
não, não sei quem é você
deste tamanho, estes inchaços, este fluído maligno que se espalha
que me retrai, me força a vigiar-me.
não conheço você, que nos outros é tão normal é esperado
é irritante ser igual, pertencer
e acabar sendo...
ter a missão de carregar um fardo, dois, talvez cinco de uma só vez
buraco cheio de cavidades
profundo mar
recifes de corais
ecossistema
um sistema ecoando ruídos dissonantes
que acontece sem querer,
tem de ser
sem controle.
sem sentido
meu protesto é inválido
o tempo não perdoa
ele é quem manda:
"depois que terminar junte tudo o que sujou e jogue no lixo"

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SENTIDO!

frente a frente
a lados opostos
costas encontradas
pés sorrateiramente juntos
posição militar
para mim: esquerda
para você: direita volver!

domingo, 5 de julho de 2009

IMUNDICE

entre os cantos toscos, reviro quem poderia se sujeitar,
se sujar numa palavra de agrado, um desajeitado ser
revelar um bom grado de carícias ocultas na seriedade de uma fatalidade,
na monótona desatenção de se fechar a porta, na apreensão da surdez
repentina. sujo minhas mãos atrás, sempre atrás de quem corre duma luz
falsa, que brilha intensamente, cegando as sujeiras de minhas mãos
que submetidos ao preço dos esgotos se ofuscam contra teus outdoors,
tuas vitrines, tuas cartas marcadas. de teus olhos vendados, elementos
de tua armadura, só servem de ornamento. faça assim: descubra meus anúncios
com tuas mãos livres, pois as minhas estão imundas e mancha de gente demora a sair.

domingo, 21 de junho de 2009

Gilvan Santos

O mar de Teresina fica
no céu da boca das meninas...


...e dos rapazes también...

sábado, 13 de junho de 2009

Linda - Clínica Tobias Blues


linda,
quero-te tão bem
e também quero além,

um simples porém

sem nenhum desdém:
quero teu cheiro,
tua voz fanha,
só na manha
às entranhas
e teias de aranha
quero grudar.
de língua bipartida,
paixão rossonera,
peitinho pêra,
viúva rubro-negra
deseja me devorar.
eu quero,
com extremo esmero
em teus lábios carnudos,
grandes carnudos lábios
vagarosamente penetrar.
e com a taça guanabara vamos brindar
e com a taça rio eu sorrio aqui acolá:
num canto escuro, atraz do muro, levanta saia, faz-me cobaia;
o pranto profundo, o gozo puro, o pulsar insano, o silencioso gritar.

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/ctblues/

quinta-feira, 11 de junho de 2009

PARÁGRAFO ÚNICO

rabiscos intensos
transformaram meu sonho numa mancha incolor
de todas as cores o nada se fez
lindos bordados, iluminuras arruinadas
como se uma catástrofe natural passasse e
misturasse tudo, sem distinguir nada,
nada vale: tudo passa e some pra sempre.
toda confusa
por isso aproveito cada vão momento
coberta com roupas inúteis, para esconder
marcas revelantes de conduta, ao passo
que o tempo as faz sumir,
marcas que vem e vão:
nascem crescem se reproduzem e morrem.
transformando-me novamente
em uma folha em branco
num *mudo convite

*Ana Cristina César

* Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
e limpa à minha espera:

terça-feira, 9 de junho de 2009

OS SEUS

cabe tudo dentro:
imagina ele.
quero caber aí dentro:
diz ele.

sem camisa para todo lado
é mais fácil assim
nem precisa está com nada
por baixo:
quem se importa?!

sua coragem, natural
do gênero, faz com que ninguém
suspeite de nada.

fica parado olhando, diz:
sei que foi ruim, sem lugar,
mas se parasse de rir
eu ficaria feliz .

quinta-feira, 4 de junho de 2009

OS MEUS

tudo feito para dificultar ações:
muito pano,
muita amarra,
botões, colares, pinturas, correias
bem guardado e
reforçado.


novidades que não param de chegar
aumentando a
indumentária,
tornando mais dificil a soltura
parece até manso

jogo tático, armadilha perfeita
a vontade é de estar sem nada
livre como os bichinhos

sem regras, sem medos
a amarra perfeita
é tua força
em meus cabelos.

OS NOSSOS

Os teus e os meus caminhos
Os teus e os meus mamilos
se cruzam como cruzam aves
ao vento menino sem ninho


A minha e a tua boca
A tua e a minha força
Quando vão de encontro a outra
Se melam se metem em rosca

Meus olhos os teus sentidos
Teu cheiro nos meus ouvidos
Foi uma música que ouvi
ou foi aquela qu eu mesmo fiz

Teu cheiro nos meus cabelos
O teu no meu coração
E eu cheio de nós o mesmo
Que um cesto tu fome eu pão

Teu cheiro nos meus cabelos
O meu no teu coração
E eu cheio de nós o mesmo
Que um cesto eu fome tu pão

Composição: Teófilo Lima

http://www.teofilolima.com.br/port/index.php


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Safado

o rouco som de tua voz, os muitos arpejos de instrumentos seculares
que inflam os botes para uma viagem sem fim; é assim que me sinto sempre
quando num grupo definido saímos rumo ao bar mais próximo para discutir
e tentar validar o esforço descomunal em ganhar dinheiro.
numa cadeira de frente a minha faz o famoso gesto de jantar burguês e passa seu
coturno em minhas pernas desnudas e contornadas por um leve pano.
gesto cliché como eu na mesa na tua frente, vai ser tudo igual, a noite, dito ambiente propício para
qualquer mal se situa entre o foco do copo e teu negro olhar.
várias doses, vários goles, uns atendem o celular, outros vão ao banheiro, levanto para o acento que
se desocupa. a mesa que antes era de jantar virou mesinha de centro e eu sou teu centro nessa dança das cadeiras. o tempo diz que vai embora e fica sempre pra mais um gole.
e a perna encontra a outra e nem se estica mais, esforço guardado
para o que vem a seguir, o que sempre se segue depois de longos
jogos de sedução, depois de se cessar a brincadeira das insinuações
e revela de maneira nada convencional e sem remorsos o final da noite:
se pagares a conta a noite é despesa minha.

TEXTO: AR puro

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Bicho-de-pé e de educação sexual

O bicho-de-pé (Tunga penetrans) merece sobreviver por
suas múltiplas utilidades, entre elas, o seu uso didático
utilíssimo em aulas de educação sexual. A jovem, com
medo da noite de núpcias, perguntou à mãe se doía muito.
Ao que a mãe respondeu: "É feito bicho-de-pé. Dói um
pouquinho, mas depois agente não quer parar de esfregar...".

Rubem Alves

segunda-feira, 25 de maio de 2009


O corpo ainda guarda a lembrança do outro e fica em guarda, esperando a hora de renovar o gosto de mar, do orvalho do outro. De mais uma vez escalar os acidentes já conhecidos, daquele que se deixar levar na onda, na mesma vontade. O corpo que por muitas vezes funciona sozinho, quer funcionar mais uma vez com o peso do outro, respirar com o peso do outro, se mover com o peso do outro. Que a calma só alcança na presença do perigo de se estar diante daquele corpo que conhece bem mais do que podia ser revelado. Que já sabe a reação da ação insistentemente imposta, e assim gastar aquela força que muitas vezes é inoperante e que agora tem serventia.

Texto: ARPURO

sexta-feira, 22 de maio de 2009

DOMINATRIX

Escutando um blues num canto qualquer de um lugar espero você chegar pra enfim, valer a pena este dia; transmitindo pelo telefone as regras do jogo, tudo pronto, mas nada serve se não apareceres, sabes o que quero, como; não pergunte por porquês eles são abstratos como tudo o que te separou de mim. Formado o acordo: o silêncio serás tua atitude eterna ao meu lado agora;

dor, sangue e suor é a única coisa que você ira expor e todos eles saíram como seu som natural,


não quero escutar rugidos, gritos e afins. O bom é que nunca gritas, sempre ouve, sempre espera, totalmente entregue, mercadoria dos meus sonhos. A eternidade dura pouco. Marcas do que foi feito são deixadas para incitar a pobre imaginação de quem se atrever a fixar o olhar.


Olho pra ti no momento exato da resposta: sim, claro, mas tem o jornal depois do futebol.
Texto:ARPURO

terça-feira, 19 de maio de 2009

CAFÉ FILOSÓFICO

Café Filosófico da UFPI debate clonagem humana

"Vida e Transplante de órgãos: possibilidades do corpo, intrasposições da alma". Esse será o tema a ser debatido no Café Filosófico da próxima sexta-feira (dia 29). O encontro acontece no auditório do CENAJUS, às 18h, e vai contar com a participação do doutor em Filosofia pela UNICAMP, com Estágio Doutoral na Flensburg Universität (Alemanha), Jorge Adriano Lubenow.

"Vou abordar, especificamente, a clonagem humana a partir de argumentos do filósofo alemão Jürgen Habermas, demonstrando e levantando questões sobre os limites morais do avanço da medicina reprodutiva", afirmou Jorge Adriano. Segundo ele, a primeira parte do debate vai fundamentar outra discussão, acerca da natureza humana.

O Café Filosófico é um projeto de extensão permanente do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Piauí que visa a promover debates, palestras, conferências, pesquisas, apresentações artísticas e mostra de trabalhos em diversas áreas do conhecimento.

O público-alvo do projeto são estudantes e quaisquer profissionais que se interessem em debater temas concernentes ao cotidiano, a partir do crivo da filosofia. "Nossa intenção com o Café é o de realizar uma atividade extracurricular que mostre como a filosofia pode ser importante para a vida, não apenas no âmbito acadêmico", explica o professor do Departamento de Filosofia, José Renato, que juntamente com o professor Helder Buenos Aires de Carvalho, coordena o projeto.

O Café Filosófico começou a ser realizado em 2006, mas foi interrompido no mesmo ano. A intenção dos coordenadores é que ele reabra a partir do debate da sexta-feira (dia 29) e aconteça semanalmente, no Auditório do CCHL - Centro de Ciências Humanas e Letras - ou no CENAJUS. Mais informações no Departamento de Filosofia.

http://www.ufpi.br/