quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Segunda leitura

contarei agora o que se passou na manha de outubro
uma manha quente e abafada
lembrando um fim de dia
cansativo sem ser triste
lábios cerrados esperando a chave para liberta-los do silencio
cadeiras postas em círculos
uma possível reunião, um culto, ou qualquer outra forma de persuasão
estaria para acontecer
e poderia ate se convencer disso
se isso não fosse o habitual, o mecânico
o mesmo jeito de começar o dia
e de repente como sempre se espera que uma mudança aconteça
ele vem todo de branco
todo de preto
lilás cinza azul
neutro como a manha
para ser os amanhas
com flores e relógio
destroi o pijama favorito
roca, faz a tosa
diz que veio pra gozar na sua cara
ela entende errado e deixa
deita e rola
esquenta ainda mais o alpendre
feridas se abrem
jorrando sangue
uma mistura de cola branca com guache vermelha
quem vai dar mais por uma coisa dessas?
nem quinquilharia de porão, nem amontoado de lixo
ele ainda tem o cinto
e tu com que vais te cobris
vais ser chamada de que?
será mais um dos nomes das desgraçadas que não tiveram medo de amar.

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